Frangipânis / Frangipanas / Plumérias / Jasmins-manga - gênero Plumeria
1. Descrição geral e origem geográfica | 2. Origem etimológica | 3. Características | 4. Repertório | 5. Curiosidades | 6. Relação com lagartas | 7. Referências | 8. Galeria
Descrição geral e origem geográfica
Planta da família das apocináceas, é cultivada com finalidade ornamental e originária da América Central. Seu porte é arbustivo-arbóreo, ou seja, de médio a grande (de 2 a 8 m), mas existem variedades anãs, que podem ser plantadas em espaços mais compactos.
Origem etimológica
O nome "pluméria", que acompanha o gênero, foi dado em homenagem a Charles Plumier (1646-1704), monge e botânico francês. Já o nome "frangipâni" e sua derivação "frangipana" são homenagem a um marquês italiano, de nome Muzio Frangipane, que em tese teria sido o primeiro a sintetizar um perfume com a fragrância das flores da planta e descendia da família Frangipani (com eventuais alterações de grafia), esta por sua vez um importante clã de patrícios romanos na Idade Média. Já o nome "jasmim-manga" teria sua primeira parte baseada na semelhança entre as fragrâncias da pluméria e dos jasmins, enquanto a porção "manga", especulamos, talvez se refira a uma vaga semelhança com as folhas de algumas mangueiras. Os vários nomes dados a essa planta aplicam-se, especialmente, à espécie Plumeria rubra, sendo comumente estendidos às demais espécies, bem como aplicados aos híbridos interespecíficos.
Características
A espécie e alguns de seus híbridos são decíduos, ou seja, perdem as folhas nos meses mais frios, voltando a seu pleno vigor com a primavera e o verão. Híbridos que descendam da espécie P. obtusa têm menor tendência à deciduidade, sendo relatado, por exemplo, que a variedade "Singapore" (Singapura) apresenta floração em todos os meses do ano em cultivo no Havaí.
As flores usualmente têm cinco pétalas, havendo variedades com tendência a seis pétalas e, ocasionalmente, por má-formação, três ou quatro pétalas. Há uma mutação específica que apresenta dez pétalas por flor, até o momento a única com essa característica (que não foi ainda reproduzida mesmo em seus descendentes): variedade "Bali Whirl", por ora disponível apenas em viveiros fora do Brasil.
Os padrões de cores mais comuns em suas flores são: pétalas brancas com miolo amarelo, pétalas rosa-escuro, pétalas rosa-escuro com miolo amarelo, pétalas rosa-claro com miolo amarelo e pétalas com padrão de "arco-íris" (diz-se daquelas que possuem pétalas com mesclas de branco e rosa, com miolo amarelo). Há, porém, sobretudo fora de nosso país, mais de 400 variedades catalogadas (há registro de pelo menos 465 variedades pela Sociedade Americana de Plumérias - Plumeria Society of America - PSA), com flores inusitadas, tanto em cor como em forma - o formato e o tamanho das pétalas, assim como a distribuição de suas cores e seu perfume variam entre as espécies e os híbridos. Variações de região, estação, temperatura e nutrição também podem ocasionar diferenças na tonalidade das flores.
Embora não haja néctar nas flores, sua fragrância atrai insetos para servir de polinizadores - especificamente mariposas cuja espirotromba seja mais alongada, uma vez que o pólen se aloja na parte interna da base da flor - o que torna necessário o uso de um aparato que simule esse órgão, por exemplo linha de pesca fina, para o processo de polinização manual.
As espécies desta planta costumam ser suscetíveis ao fungo Coleosporium plumeriae, vulgarmente conhecido como "ferrugem do frangipâni". Esse fungo infesta as folhas, com um aspecto de pó amarelo-alaranjado, e ocasionalmente resulta na queda da folhagem. Um detalhe interessante é que, por mais que visualmente desagradável, o fungo não causa a morte da planta, sendo relatado por especialistas, como os proprietários do sítio eletrônico americano Brad's Buds and Blooms, Brad Willis e Brian West, como uma ocorrência natural, que não requer, a rigor, qualquer controle, uma vez que, algum tempo após a queda, haverá novo desenvolvimento de folhagem. Se, porém, houver a intenção de controlar a infestação, isso pode ser feito com a remoção e descarte das folhas afetadas, facultando-se a aplicação de fungicidas cúpricos.
As plumérias propagam-se sexuadamente, por sementes, ou assexuadamente, por estaquia ou por enxertia: o primeiro método dá origem a indivíduos novos, que podem ou não possuir as mesmas características aparentes que os pais; os outros dois métodos são formas de clonagem, de modo que a planta resultante será geneticamente idêntica à matriz.
Os frutos da planta são do tipo folículo, basicamente apenas um invólucro para as numerosas sementes, e estas são aladas, de modo a facilitar sua dispersão.
O óleo retirado das flores é utilizado para o desenvolvimento de perfumes ou infusões com outros óleos (por exemplo, para perfumar óleo de coco).
Cultivadas por semente, começam a produzir flores usualmente após o segundo ano. Na Estância Arco-íris, a experiência de plantio de 200 sementes, todas brotadas na mesma época, apresentou, dentro de 24 meses, 52 indivíduos com floração constante.
Repertório
A equipe da Estância Arco-íris tem cultivado, tal qual no caso das pitayas e das amarílis, além de espécies e híbridos comuns, plantas oriundas de sementes, portando exclusivas, bem como realizado o cruzamento desses indivíduos para a obtenção de novas variedades. A partir de 2022, serão disponibilizadas algumas das variedades EAI de frangipânis, a principiar por estas:
EAI-I2: "Cal Balsan"
EAI-J4: "Jandira Alves"
EAI-L2: "Marle Adam"
EAI-M2: "Raquel Rocha"
EAI-N6: "Iaiá Balsan"
EAI-O5: "Mila Darós"
EAI-O6: "Marcela Garib"
EAI-R4: "Sil Balsan"
EAI-V5: "Ári Akêmi"
EAI-X8: "Fran Adamrin"
EAI-Y7: "Amber Paulianne"
Também fazem parte do repertório as seguintes variedades:
Branca comum
Plumeria pudica
Rosa de Brasília
Rosa de Goiânia
Rosa de Salvador
Rosa-escuro comum (P. rubra)
Curiosidades
As flores e pétalas são usadas para decoração em geral e até mesmo para adornos específicos em cerimônias. Também são utilizadas para a confecção de colares havaianos (chamados de "lei" naquela localidade, termo também aplicável a crianças e entes queridos).
É a flor nacional do Laos e também um dos símbolos da cidade de Palermo, Sicília, na Itália.
Em razão de sua beleza e porte, bem como da facilidade de sua propagação e hibridização, tornou-se uma planta distribuída mundialmente, com muitos viveiros especializados, em locais como Estados Unidos, Austrália e Tailândia - um dos hibridizadores mais conhecidos é Kukiat Tanteeratarm, horticulor tailandês responsável por variedades de beleza sem paralelo, como "Fireblast" e "Tempest", entre muitas mais.
Um espécime dessa planta é referido na obra "A varanda do frangipâni", do escritor moçambicano Mia Couto - leitura recomendada aos apreciadores de literatura.
Relação com lagartas
Esta planta, como outras apocináceas, também serve de alimento a insetos da família dos esfingídeos em seu estágio larval, podendo-se citar como mais proeminente o Pseudosphinx tetrio, conhecido nessa fase de seu desenvolvimento como "lagarta do frangipâni", e, em menor ocorrência, Isognathus caricae e Isognathus menechus.
A despeito do que uma primeira vista possa indicar, esses coloridos insetos não são perigosos e só tendem a causar dano significativo às plantas se estas forem muito jovens ou caso haja número muito grande de lagartas numa mesma planta - pelo hábito de oviposição das mariposas, é mais provável encontrar grandes quantias de P. tetrio (às vezes mais de quarenta por planta) em oposição ao modesto número de I. caricae e I. menechus, que, conforme acompanhado na Estância Arco-íris, apresentaram, num período de dois anos, apenas o número máximo de quatro lagartas por planta.
Essas lagartas também não oferecem risco ao homem (não "queimam", embora possam morder caso se sintam ameaçadas) - a ressalva de suas cores vibrantes, que na natureza usualmente indicam alerta para os outros animais (apossematismo), é mais direcionada aos pássaros, uma vez que a seiva do frangipâni alocada no estômago dessas lagartas as torna intragáveis aos potenciais predadores (excetuado o anu-preto e outros congêneres que desenvolvem estratégias próprias para lidar com presas "perigosas" ou de sabor desagradável), o que também vale para animais de estimação, como cães e gatos (caso estes sejam jovens e mais tendentes a tentar brincar com insetos ou comê-los, sugere-se cautela ou a remoção das lagartas para alguma planta fora do alcance).
O característico "chifre" que possuem na parte traseira serve tentar espantar potenciais predadores e não oferece nenhum risco ou real ameaça. Quando em alerta, a lagarta passa a movimentá-lo para tentar distanciar as fontes de perigo.
As cores mais presentes no exterior da P. tetrio são o preto, o amarelo-esverdeado, o alaranjado e o vermelho. Já em I. caricae, distribuem-se o preto, o alaranjado, o vermelho, o branco e mesmo o azul, com desenhos rebuscados e variáveis, tanto em relação à etapa de desenvolvimento, como também de indivíduo a indivíduo (embora muitos sejam bem semelhantes), e em I. menechus, tem-se também variações de cores em relação à idade no dorso e nas laterais, com desenhos chamativos, o que faz desses pequenos animais, de certa forma, obras de arte vivas. Após terem se tornado mariposas, ajudam a realizar a polinização de plantas como o próprio frangipâni e a janaúba (também chamada "janaguba", Himatanthus drasticus, outra apocinácea, nativa do Brasil), e mesmo o pequizeiro e a pitaya (no caso desta, mais pelo veloz bater de asas desses insetos alados que por sua espirotromba - órgão que utilizam para coletar néctar das flores como alimento).
Na Estância Arco-íris, tem-se adotado o seguinte manejo - quando uma lagarta é avistada em uma planta muito jovem ou com poucas folhas, ela é levada a uma planta mais vigorosa, que possa atender mais adequadamente a sua dieta. De igual modo, se há mais de uma lagarta se alimentando de uma planta, é realizada sua distribuição entre as demais, permitindo assim a continuidade de seu ciclo natural.
Texto: Karl Rocha
Data da publicação original: 20/12/2020
Data da mais recente atualização: 17/11/2021
Reprodução textual autorizada somente com expressa citação da fonte:
ROCHA, K. F. A. P. de F. Frangipânis. In: PITAYA E COMPANHIA. Plantas. Campo Grande: Pitaya e Companhia, 2021. Disponível em: https://www.pitayaecia.com/frangip%C3%A2nis. Acesso em: [indicar data de acesso].
Referências
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Galeria
Algumas imagens do repertório de plantas do gênero Plumeria, conhecidas como frangipânis, frangipanas, plumérias ou jasmins-manga.